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sábado, 28 de setembro de 2013

SUAVIDADE



Poisa a tua cabeça dolorida 
Tão cheia de quimeras, de ideal 
Sobre o regaço brando e maternal 
Da tua doce Irmã compadecida. 

Hás de contar-me nessa voz tão q'rida 
Tua dor infantil e irreal, 
E eu, pra te consolar, direi o mal 
Que à minha alma profunda fez a Vida. 

E hás de adormecer nos meus joelhos... 
E os meus dedos enrugados, velhos,
Hão de fazer-se leves e suaves...

Hão de poisar-se num fervor de crente, 
Rosas brancas tombando docemente 
Sobre o teu rosto, como penas d'aves... 


Florbela Espanca
«Livro de Sóror Saudade»
1923


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