Seja bem-vindo. Hoje é

sábado, 28 de setembro de 2013

CARAVELAS



Cheguei a meio da vida já cansada 
De tanto caminhar! Já me perdi! 
Dum estranho país que nunca vi 
Sou neste mundo imenso a exilada. 

Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí 
Em trágica loucura as destruí 
Por minhas próprias mãos de malfadada! 

Se eu sempre fui assim este Mar-Morto, 
Mar sem marés, sem vagas e sem porto 
Onde velas de sonhos se rasgaram. 

Caravelas doiradas a bailar... 
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!... 


Florbela Espanca
«Livro de Sóror Saudade»
1923

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito grata por sua presença, muito nos honra.