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sábado, 28 de setembro de 2013

DA MINHA JANELA




Mar alto! Ondas quebradas e vencidas 
Num soluçar aflito, murmurado... 
Vôo de gaivotas, leve, imaculado, 
Como neves nos píncaros nascidas! 

Sol! Ave a tombar, asas já feridas, 
Batendo ainda num arfar pausado...
Ó meu doce poente torturado 
Rezo-te em mim, chorando, mãos erguidas! 

Meu verso de Samain cheio de graça, 
Inda não és clarão já és luar 
Como um branco lilás que se desfaça! 

Amor! Teu coração traga-o no peito... 
Pulsa dentro de mim como este mar 
Num beijo eterno, assim, nunca desfeito!... 

Florbela Espanca
«Livro de Sóror Saudade»
1923

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