Lembro-me o que fui dantes.Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos faz nascer as rosas!
As minhas mãos outrora carinhosas
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
O que eu mais amo é que mais me esquece...
E eu sonho: "Quem olvida não merece...
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!
Florbela Espanca
«Livro de Sóror Saudade»
1923
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Muito grata por sua presença, muito nos honra.