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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CHARNECA EM FLOR



Charneca em Flor é a obra-prima que Florbela Espanca nunca veria publicada,
 pois às vésperas da publicação, em dezembro de 1930, Florbela supostamente
 pôs fim à sua vida. Tal ato de desespero fez com que o público se 
interessasse pelo livro e passasse a conhecer melhor a sua obra.
 Dizem os críticos que a polêmica e o encantamento de seus versos é devida 
à carga romântica e juvenil de seus poemas, que têm como interlocutor 
principal o universo masculino.

Possivelmente, era para a autora, um livro de recordações, em que queria
 registrar as melhores lembranças da vida. Trata-se, sem dúvida, do livro
 em que Florbela melhor enfrenta a sua totalidade humana, ou seja, é aquele
 em que melhor consegue condensar as suas vivências, passando-as à poesia
 como nunca o fizera antes.

É em Charneca em Flor que melhor se define a sua sensibilidade, apresentada
 de modo complexo e intenso. Considerado como o seu livro mais sincero,
 é nele que Florbela retrata a fase mais difícil e pessoal da sua vivência
 como poetisa, e presta homenagem à sua terra natal. Segundo Antero de 
Figueiredo, o livro Charneca em Flor ficará como um dos mais belos 
depoimentos literários do coração português de ontem, de hoje, de todos
 os tempos (Revista Alentejana).

Intensa, insatisfeita, amarga, exaltada, sensual e mística (João Gaspar 
Simões, História da Poesia Portuguesa do Século XX) ao mesmo tempo,
 Florbela dá o melhor de si, distanciando-se das restantes poetisas.
 Definitivamente, Florbela contribui em Charneca em Flor para a
 emancipação literária da mulher e ousa levar ainda mais longe o 
erotismo no feminino, como o mostra Volúpia. Dá, por tudo isso,
 vida a sonetos tão raros como Charneca em Flor, Outonal, 
Ser Poeta e Amar!.

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