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sábado, 5 de outubro de 2013

PARA QUÊ?



Ao velho amigo João 

Para que ser o musgo do rochedo 
Ou urze atormentada da montanha? 
Se a arranca a ansiedade e o medo 
E este enleio e esta angústia estranha

E todo este feitiço e este enredo 
Do nosso próprio peito? E é tamanha 
E tão profunda a gente que o segredo
Da vida como um grande mar nos banha?

Pra que ser asa quando a gente voa 
De que serve ser cântico se entoa 
Toda a canção de amor do Universo?

Para que ser altura e ansiedade, 
Se se pode gritar uma Verdade 
Ao mundo vão nas sílabas dum verso?

Florbela Espanca
In ‘Reliquiae’


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