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terça-feira, 1 de outubro de 2013

OUTONAL


  
Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio... Olha, anoitece!
- Brumas longínquas do País do Vago...
 
Veludos a ondear... Mistério mago...
Encantamento... A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago...
 
Outono dos crepúsculos doirados, 
De púrpuras, damascos e brocados!
- Vestes a terra inteira de esplendor!
 
Outono das tardinhas silenciosas, 
Das magníficas noites voluptuosas 
Em que eu soluço a delirar de amor...
 
 
Florbela Espanca
In ‘Charneca Em Flor’ 1931

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